terça-feira, 30 de julho de 2013

Por Diógenes Basegio: Brizola tinha razão


Vivemos um momento histórico em nosso país, onde o povo, liderado pela juventude, sai às ruas para demonstrar toda sua insatisfação. Seja ela qual for,ou quais forem. E o vetor de todas essas mobilizações são as redes sociais, a internet. A grande mídia à reboque desta nova ferramenta que integra, aproxima e dá o direito a todos se manifestarem deforma igualitária.
No bojo das reivindicações, ouve-se um clamor por maiores investimentos em educação e por um transporte público de qualidade e com valores mais acessíveis. Ouve-se falar em impostos abusivos. Clama-se poruma reforma política. O movimento dos trabalhadores sem-terra ainda espera a sempre falada, mas nunca concretizada, reforma agrária. Nas grandes cidades, a demanda por moradias populares é latente, a reforma urbana é cobrada dos governantes. O grito contra a corrupção ecoa por todos os cantos.

Neste cenário, fica impossível não lembrar do grande homem público que nos deixou em 21/06/2004, há exatos 9 anos: Leonel de Moura Brizola. Vamos tentar conectar as demandas citadas com a prática do Governador Brizola? Acho válido o exercício, vamos lá: muitos dizem que Brizola não foi Presidente do Brasil pela insistência em denunciar os desmandos da gigante Rede Globo. Brizola era atacado constantemente, sem possibilidade de externar seu ponto de vista. A não ser num caso inédito e histórico como o direito de resposta lido ao vivo por Cid Moreira no Jornal Nacional. Entendia o Governador que a grande oportunidade de furar esse bloqueio e democratizar a mídia seria a internet, que ainda engatinhava nos idos dos anos 90. Hoje estão aí as redes sociais comprovando esta tese. Quando se comparam os investimentos feitos nos estádios para a Copa do Mundo com o que é investido em educação, como não lembrar de Brizola? Quando construiu 502 CIEP´s no Rio de Janeiro, ao lado de Darcy Ribeiro, foi execrado pela grande mídia, pela direita e, pasmem, inclusive por setores da esquerda. Era absurdo investir um milhão de dólares em escolas na periferia. Era absurdo deixar as crianças em turno integral nas escolas enquanto houvesse déficit de vagas. Dias atrás o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, indicou o ensino de turno integral como o modelo a ser seguido. Com 30 anos de atraso, diga-se. Mas antes tarde do que nunca.

E a mola propulsora destes grandes protestos, a questão da tarifa do transporte público? Serviço de má qualidade, com alto custo e que diminui a qualidade de vida dos seus usuários. Quando Governador do Rio de Janeiro, Brizola decretou o Passe Livre para os estudantes.

As reformas política, tributária, agrária e urbana já eram a pauta do trabalhismo brasileiro na década de 60, no Governo João Goulart. Brizola estava no Congresso, como deputado federal, lutando pela implementação das Reformas de Base. O que se seguiu, todos sabem: Marcha da Família com Deus pela Liberdade, contra a “ameaça” comunista, contra a“ameaça” à propriedade privada. Resultado: medo espalha do na população e...golpe de Estado! Passaram-se 50 anos, mas a retomada destas bandeiras empolga, gratifica e ratifica a conectividade da agenda trabalhista com as demandas do povo brasileiro. Outra bandeira empunhada com vigor nas manifestações diz respeito aos inúmeros casos de corrupção envolvendo a classe política, desmoralizando-a.Aqui cabe lembrar os 50 anos de vida pública de Leonel Brizola, semque nada, absolutamente nada, de ilegal fosse encontrado. Sua trajetória é reta, sem máculas.

Não existe democracia sem os partidos políticos. Mas espero que o extrato deste movimento seja uma readequação na agenda e no modus operandi de nossas agremiações e de toda a nossa classe política. Que voltemos a nos conectar com as ruas, com as massas. Assim como Leonel Brizola sempre esteve conectado. Parafraseando-o, concluo: “quando você estiverem dúvida sobre qual rumo seguir, vá para onde o povo está indo”.

Artigo Deputado Estadual Diógenes Basegio

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