Fonte: OM - Carlos Alberto Kolecza | 3 de junho de 2013
O jornalista gaúcho Carlos Alberto Kolecza analisa neste artigo, publicado originalmente em 2007, o papel pioneiro de Leonel Brizola no combate ao oligopólio dos meios de comunicação no Brasil. Principal líder da oposição à ditadura, revolucionário e combativo, Brizola foi o inimigo número um da grande mídia. Que tudo fez para destruir sua boa imagem pública construída a partir do episódio da Legalidade, da encampação de multinacionais ineficientes e, principalmente, da defesa intransigente dos interesses nacionais. (OM)
Por Carlos Alberto Kolecza - Em sua última grande batalha, Brizola desvendou a cumplicidade da grande mídia no boicote ao desenvolvimento com justiça social e soberania nacional - Ele não pôde levar adiante os objetivos do Trabalhismo mas legou um ensinamento de valor insuperável na compreensão do papel dos meios de comunicação na consumação do apartheid social e na submissão do país aos grupos transnacionais – A grande mídia empregou contra Brizola a mesma discriminação com que as elites tentam perpetuar a exclusão social – Ele será reconhecido como patrono da luta pela democratização da informação, pela clarividência das lições e coragem com que enfrentou a máquina da mentira.
“O poder econômico consegue envolver os meios de comunicação, que são livres apenas em algumas faixas e agem como empresários dos homens de negócios. A imprensa atua claramente como um rolo compressor e transforma-se num partido único, como no caso do apoio à leiloagem do patrimônio público. Não querem discutir nada, sempre de cabeça feita, e são muito hábeis em desenvolver a intriga. Precisamos libertar a imprensa brasileira do domínio econômico”. (Leonel Brizola)
Nenhum político ou pensador foi tão fundo quanto Leonel Brizola no desvendamento do papel da grande mídia na perpetuação da desigualdade social e da dependência do Brasil. Publicamente, ninguém antes apontou os conglomerados do jornal, rádio e TV, as revistas semanais e grandes jornais isolados, como uma corporação que ilegitimamente condiciona o jogo político e a ação dos governos. Ensinou com exemplos irrefutáveis que a grande mídia optou por exercer o controle social em vez de informar. Percebeu a estranha coincidência das movimentações unilaterais e monolíticas dos órgãos de imprensa ocorrerem em momentos cruciais para a distribuição de renda e o interesse nacional. Denunciou a chantagem das campanhas de desestabilização dos governos e a irresponsabilidade dos barões da mídia com a democracia e a coesão social.
A grande mídia renunciou à sua função específica de serviço de interesse público – acusou Brizola – para ser a ponta de lança de um centro oculto de poder de produção de exclusão social. Nesse consórcio de poder à margem das instituições – deduziu – a cota da grande mídia corresponde à produção de exclusão da informação. Brizola repetiu a denúncia de deturpação da finalidade essencial dos meios de comunicação por anos a fio, ante inúmeras platéias, sem ser contestado uma única vez. Em revide truculento e obscurantista, característica peculiar de quem mutila a informação, a grande mídia partiu maciçamente para o enxovalhamento político e pessoal, com o objetivo de expurgar Brizola da vida pública. De perigoso à ordem pública antes de 64, Brizola virou inimigo da ordem econômica. Os espasmos de desordem social já esguichavam sangue, na década de 80, e fazia falta um vilão de plantão. O difícil era enfiar alguém de integridade inatacável e lucidez esplendorosa na moldura de inimigo público. Inabalável nas convicções e consciente de suas responsabilidades, Brizola atribuiu o desinteresse da grande mídia pelo desenvolvimento do país à vinculação das elites econômicas tradicionais a grupos de fora, em relação típica dos tempos de Brasil Colônia. Suas advertências foram proféticas: a grande mídia arrombou por dentro os portões dos setores estratégicos da economia, como sócia privilegiada das privatizações.
Um caso de crime,
assassinato moral.
Brizola sabia que pagaria caro por desnudar a verdadeira função da grande mídia, de sentinela dos privilégios causadores da desigualdade. A abominação de sua imagem, antes e depois de 64, figura entre os capítulos mais sórdidos da imprensa brasileira.
Rotular de equívoco pueril o enfrentamento com as Organizações Globo é afronta à história de Brizola, indício de escapismo ou de cumplicidade com seus detratores. Brizola focalizava na Rede Globo, hegemônica em audiência e por extensão na intromissão em assuntos da política e do governo, o paradigma de distorção de uma atividade comprometida exclusivamente com o bem comum. Não livrava outras redes nem poupava emissora, jornal ou revista não pertencentes aos conglomerados multimídia. Costumava comparar rádios e TVs às empresas de ônibus – igualmente uma concessão pública – que são proibidas de recusar passageiros por suas crenças políticas ou religiosas. Exatamente o contrário da seleção de assuntos e pessoas (censura, na verdade) pela grande mídia.
Nenhuma lei outorga a uma empresa de comunicação ou a um jornalista individualmente o direito de destruir a imagem pública de alguém. Os tratadistas contemporâneos tipificam esse crime como assassinato moral.
O confronto com Roberto Marinho, então o homem mais poderoso do Brasil, diante de quem presidentes e ministros se prostravam reverentes, não foi episódio isolado ou temporão na carreira de Brizola. Inconformado com a discriminação dos jornais tradicionais ao trabalhismo, na década de 50, ele funda em Porto Alegre um vespertino (Clarim) afinado com sua visão modernizadora das relações sociais. Aprendera já nessa época que os grandes jornais não se importam com a estagnação econômica de um estado ou do país desde que elejam os candidatos conservadores. Descobre também que a resistência à industrialização enruste uma tara social, a fobia ao trabalhador. Às voltas com a oposição da Igreja e do latifúndio, inclui a mentalidade conservadora do Correio do Povo, o mais influente jornal gaúcho da época, entre os
fatores do marasmo econômico do estado. Responde às críticas falando por duas horas, ao estilo pé de ouvido, em programa semanal de rádio de grande audiência.
Cooptadora-mor de políticos para o campo conservador em troca de visibilidade midiática, não seria a Globo que docilizaria o pensamento de Brizola. Esperar que se resignasse seria o mesmo que aconselhá-lo a acatar o veto dos generais a João Goulart, após a renúncia de Jânio, sob a alegação de que não dispunha de tanques e aviões.
O erro de Brizola foi acreditar na solidariedade das forças progressistas e da intelectualidade. Não se deu conta que há muito poucos se atrevem, em público, a dizer não à Rede Globo. Ele foi supliciado midiaticamente como líder, governante e chefe de família, sem que uma voz se levantasse em sua defesa.
Políticos, intelectuais e empresários haviam aprendido, desde o regime militar, a não questionar as posições do centro obscuro de poder que se expressa por meio da Rede Globo. Brizola não foi a única vítima do jogo sujo da grande mídia nem será a última, mas com ele não havia complacência.
A redemocratização da informação “esqueceu-se” de acontecer no retorno dos civis ao poder e quase 30 anos depois a grande mídia opera a censura por conta própria nos mesmos moldes do regime militar.
Brizola não cutucou a onça com vara curta, ela foi rugir nos portões do Palácio Guanabara na versão mais sofisticada da elite boçal originada do tráfico de escravos, que ainda proíbe empregados no elevador social. A mesma elite que ainda responsabiliza Brizola pela explosão de violência no Rio aprovou silenciosamente a gratificação genocida a policiais a cada morte de “suspeito”. A vingança da fina flor da burguesia carioca à proibição de Brizola de arrombamento de casas e detenção de moradores da favela não mereceu uma linha de reprovação no Jornal Nacional...
Navalha afiada da
intolerância das elites
A implacável estigmatização de Brizola ao longo de sua trajetória atesta a incapacidade das elites dirigentes de considerarem uma proposta de revisão do pacto social, ainda mais vinda de alguém com representatividade política. Nada em Brizola sugeria o perfil de um político de idéias extremadas ou demagógicas. Caiu na lista negra da vanguarda nacional do atraso que não prevê a incorporação de contingentes crescentes à classe média, um mercado interno amplo e economia baseada em recursos próprios, os objetivos do trabalhismo.
Um risco em potencial à coesão das elites, caso conseguisse atrair uma facção delas ao diálogo, antes de 64 Brizola já figurava em primeiro lugar na galeria dos inimigos do establishment. Atenta ao menor sinal de fissura na ponta da pirâmide do poder – uma de suas tarefas encobertas - a grande mídia atracou-se com volúpia ao torneio de tiro ao alvo na imagem de Brizola. Alpinistas do jornalismo, com histórico de livre acesso às ante-salas do regime militar, em posições de topo nas grandes redações, candidataram-se aos prêmios. Acertaria na mosca quem “vendesse” Brizola como político superado, de linguagem defasada e práticas personalistas caudilhescas, distributivista, enfim, um fóssil vivo da pré-história política.
O clube fechado das finanças já armava o esquema das privatizações e da desregulamentação da economia, com a assistência de consultorias de ex-ministros da Fazenda e ex-diretores do Banco Central. Sob a garantia de servir-se à vontade na farra da leiloagem das teles, a grande mídia se encarrega de convencer a classe média a pressionar a classe política a reformar a Constituição. O bombardeio das vantagens fictícias da adesão incondicional ao receituário neoliberal se intensifica. Única resistência de peso a superar, Brizola é caricaturado como protótipo da mentalidade arcaica incapaz de adaptar-se aos novos tempos.
Curioso, os defeitos dele que povoam as colunas de grife da grande imprensa correspondem simetricamente às suas qualidades. O personalismo equivale a fidelidade inegociável a princípios, impermeável às concessões e conchavos da política tradicional; caudilhismo, a coragem no enfrentamento de desafios e capacidade de mobilização, como no episódio da Legalidade; populismo, o carisma na liderança popular; distributivismo, a determinação de quebrar o tabu do salário indigno; estatismo, a disposição inabalável de estadista de preservar os setores estratégicos da economia.
Cabeça feita pela colonizada e cada vez mais ativa legião dos formadores de opinião e obcecada em imitar o padrão de vida glamouroso dos filmes, a classe média vira as costas à gente feia e sem modos que insiste em morar por perto.
Não é a Brizola que, afinal, a grande mídia vence ao toque do plim-plim unificador da linguagem, uniformizador do olhar e padronizador de um modo de vida de uma sociedade fraturada, disforme e inviável. A ele resta continuar lutando até o fim, cada vez mais desamparado, carregando sozinho o projeto rejeitado de desenvolvimento com justiça social.
Levou com ele a frustração de um sonho mas legou uma certeza em relação aos meios de comunicação social. A corporação da grande mídia não apenas intervém indevidamente na superfície da vida política mas calculadamente busca interferir na delicada teia de subjetividades da sociedade, de modo a influir na luta social.
O enigma
da inércia
social, a faísca
Brizola parte para o exílio inconformado com a ferocidade da grande imprensa nos momentos decisivos da luta política, sempre ao lado das forças antidemocráticas. Foi assim com Getúlio, Jango e ele próprio. O fracasso das conspirações contra o regime militar introduz Brizola no enigma da inércia social, a incapacidade do conjunto da sociedade de mobilizar-se em torno de objetivos comuns. Nenhuma elite fora do Brasil parece tão hábil em desatender as necessidades das camadas humildes e tão eficiente em neutralizar os movimentos populares no nascedouro. É a razão nebulosa de os brasileiros não conseguirem se coesionar em torno de uma causa de interesse geral.
Chama-lhe atenção a desinibição com que a grande imprensa, a cabeça pensante da grande mídia, se refere à "sociedade brasileira", como se ela fosse una, simétrica, culturalmente homogênea e igual no modo de vida. Explica que essa sociedade abstrata só existe nos editoriais verbosos para justificar a imposição de uma visão única da realidade. Casualmente, a visão da minoria bem de vida, do Brasil de chapéu na mão atrás de vultosos investimentos externos à custa de sua soberania. "Costuma-se falar em sociedade brasileira. Há várias sociedades no Brasil", corrigem os que, em nome da minoria, fingem falar por todos.
Não será Brizola que vai ensinar o padre a rezar missa. Se reconhecer a existência de vários Brasis, obrigatoriamente a grande mídia terá que pôr os interesses de todos na mesa, caso insistir em representar a "sociedade brasileira". Ocultar a realidade é a saída esperta para continuar bancando os privilégios que travam o crescimento, boicotam o desenvolvimento e atolam o país na crise social.
A ocultação da realidade não se limita às duras condições e de falta de perspectiva de vida da maioria da população. Inclui sua música, suas crenças, seus anseios, as múltiplas manifestações de uma imensa diversidade cultural. A rejeição do valioso patrimônio de subjetividade das entranhas dos vários Brasis significa cassação de identidade cultural e equivale a um aviso prévio de exclusão social. Ao aviltar os signos e dicções de raiz da originalidade brasileira, a grande mídia corta o oxigênio do imaginário social. Brizola apostou obstinadamente no investimento essencial da acumulação de capital social - a educação. Acreditava que a escola geraria a inteligência social imprescindível a um pacto de convivência entre as várias sociedades.
O código estético colonizado (o famoso padrão Globo de qualidade) da grande mídia joga pesado na desidentificação de uma sociedade da outra. Ela cobra uma fatura de falsa integração para esconder que subliminarmente investe na desintegração. Do meio da névoa emerge a muralha fatídica do iceberg do apartheid social.
Nas meditações da solidão no exílio, Brizola detecta o nó da grande mídia no centro de poderes extralegais encobertos por outras atribuições. Capta a troca da função socializadora da informação pelo controle social com prerrogativas autoritárias. Conclui que a grande mídia substitui com vantagens as organizações que, no passado ou mais recentemente, ligavam-se obrigatoriamente às forças reacionárias para neutralizar movimentos por mudanças.
De reflexão em reflexão, Brizola desencava o verdadeiro motivo da condenação unânime às realizações de Vargas e de sustentação a aventuras golpistas: a decisão de frear o projeto trabalhista em visível ascensão eleitoral.
Mais, convence-se que a grande mídia investe na obstrução às tentativas de acordo entre as várias sociedades, apelando inclusive a pistoleiros de aluguel especialistas em homicídios políticos.
Comprometido com a reconciliação política dos brasileiros, arquiva suas descobertas, sem abrir mão da contribuição que espera dar à quebra da inércia social: a organização da vontade dos excluídos.
Surpresa
desagradável
na volta
Brizola retornou do exílio subestimando o quanto as concepções rígidas de hierarquia social, ressoadas pela grande mídia durante o regime militar, haviam impregnado a classe média. Imaginou a redemocratização multiplicando as oportunidades de expressão dos setores sociais silenciados e um país fervilhando de idéias até então sufocadas. Igualmente dimensionara mal a contrariedade de partidos de oposição ao regime à ocupação do espaço que lhe cabia no cenário político. Logo sentiu as estocadas, amplificadas pelos meios de comunicação. Expoentes de esquerda disfarçavam o mal-estar recitando a cantilena dos perigos do populismo, a alergia ao povo dos sociólogos colonizados.
O estoque de má vontade da grande mídia extravasa a cada dia a menor movimentação de Brizola (..."são muito hábeis em desenvolver a intriga"...). Percorre o país na pacienciosa tarefa de fundar e definir a prioridade de seu partido: ajudar na organização dos excluídos. Então tromba com uma descoberta inimaginável: a informação jornalística continua controlada tal e qual nos tempos da ditadura. Na restauração da liberdade de imprensa, a censura apenas havia passado das mãos dos generais às dos empresários da comunicação. Agora entende a hostilidade dos comentadores políticos, e dos intelectuais midiáticos que falam sobre tudo por encomenda e sob medida.
De repente, "doutrinas arrebatadoras" desembarcam nas telinhas, nas colunas dos jornais e nos estúdios de rádio, pregando uma era fantástica de progresso. Palavras mágicas - globalização e privatização - pegam carona na linguagem cotidiana. Brizola repara que a ladainha uníssona dos formadores de opinião coincide com a toada dos consultores econômicos e banqueiros de primeira viagem com passagem por cargos públicos de primeiro escalão. Admira-se com a intimidade entre jornalistas e banqueiros. Escandaliza-se com a ensurdecedora gritaria pela desestatização seguida de histérica onda de privatização. Revoltado, ouve FHC proclamar "o fim da Era Vargas".
Tudo se encadeia em sincronia matemática nas vitrinas feéricas de notícia e opinião na pilotagem da captura do patrimônio suado de gerações pelos predadores disfarçados de investidores. Uma cortina de silêncio recobre a mobilização das ruas contra as privatizações. Brizola testemunha em Porto Alegre a censura da rádio de uma organização jornalística a um ato público contra a privatização das telecomunicações. A transmissão, paga antecipadamente, é cancelada à última hora sem justificativa. Concorda plenamente com o protesto de um líder sindical: "Nem pagando se tem democracia na mídia"(1). Já testemunhou e foi vítima da truculência da grande mídia e ainda tem pela frente inúmeras outras.
A sinistra fabricação de medo
A serviço exclusivamente das elites do atraso, a grande mídia empenha-se em sabotar as propostas de diálogo entre as diferentes sociedades brasileiras, por implicarem na desconcentração de renda. Sem diálogo, evapora a possibilidade de coesionamento em torno de objetivos comuns. Zerado o capital social, vale tudo. Dinamismo, criatividade, eloqüência, carisma, honestidade, coragem, as qualidades pessoais de Brizola talhavam o perfil ideal de mediador de um pacto social. Aplicado com êxito por Vargas a ele mesmo, o projeto trabalhista fermentava nas urnas.
Contra ele, foram disparados os ardis maquiavélicos de desqualificação de lideranças populares consideradas perigosas. O principal foi particularmente eficaz: o medo. Antes e depois de 64, os sentimentos de insegurança da classe média foram atiçados, na construção da imagem de um político radical que age sem medir as conseqüências.
Não importou salvar uma geração da ignorância com escolas à vontade; não valeu uma reforma agrária sem turbulência; não contou um estado voltando a ter energia e comunicações para crescer. A classe média desempatou o jogo a favor do latifúndio e das transnacionais e os militares entrarem em cena. Ao voltar do exílio 15 anos depois, Brizola encontrou a vaga de bicho-papão à sua espera. Parceira favorecida do autoritarismo, a grande mídia aproveitou a ausência de Brizola para trocar de pele mas não de veneno. Assim que os militares repassaram o poder, a grande mídia escalou-se para arbitrar o jogo político entre os Brasis. Aguardada ansiosamente por longos anos, a informação limpa da democracia perdeu o lugar para a opinião de cartas marcadas do mercado (..."agem como empresários dos homens de negócios"...)
Com o fantasma do medo sempre a postos, a grande mídia impôs o condicionamento das perspectivas sociais e políticas ao faturamento dos negócios. Dia a dia, o fundamentalismo econômico foi estendendo meticulosamente o tapete vermelho ao séqüito de prepostos do Consenso de Washington.
As notícias euforizantes de um investimento externo atrás do outro contrastam com as opiniões acabrunhantes intimidando para mais um sacrifício interno. Umas naturalizam, outras legitimam a periferização econômica e social do Brasil. "É preciso piorar para depois melhorar"(2) receitam “os eunucos que voltam do exterior com a mente lavada, com a garantia de empregos generosos, para administrar verdadeiros escritórios de contabilidade das perdas internacionais". Enquanto houver uma casca de capital nacional os leiloeiros continuarão batendo o martelo com a concordância monomaníaca da grande mídia de olho na percentagem da comissão. Não tem fundo o saco por onde escoa de mão beijada a poupança compulsória de longos anos de milhões de brasileiros.
Quê ninguém se atreva a arranhar a boa imagem do Brasil junto à comunidade econômica internacional, rosnam os comentadores, inoculando medo na classe média.
Overdoses de baixaria e violência na TV completam o terrorismo político dos jornalões e revistonas na fabricação de passividade, o princípio ativo da inércia social. A cumplicidade da grande mídia na privatização inviabiliza a articulação da resistência à ofensiva neoliberal. Única liderança nacional a opor-se à leiloagem, Brizola constata que poucos se atrevem a juntar-se a ele por temerem o escárnio da grande mídia. Com a franqueza de sua genialidade, Darcy Ribeiro, um dos grandes pensadores do Brasil, reconhece: "De 54 para cá perdemos todas as batalhas". Fiel a seu temperamento estóico, Brizola segue rijo na luta.
Sozinho em meio à recepção pirotécnica da grande mídia ao desembarque do neoliberalismo, Brizola clama em vão em nome do futuro do Brasil. Não lhe podem cassar essa honra, nem ele tem o direito de se render. Guiado pelos fios da História, adverte para as conseqüências sociais da quebra da espinha dorsal da economia: "O que vão fazer os nossos adolescentes? Amanhã, os jovens se levantarão porque são tratados com a violência do desemprego." Seu desabafo pungente bem que poderia ser incorporado à Carta Testamento: "Quem trair o povo brasileiro está sujeito à maldição!"
Exemplo de
intolerância
da grande mídia
Quando se dissiparem as trevas da era obscurantista, os historiadores ficarão perplexos ao revolverem as injustiças torpes cometidas contra Brizola. Será fácil entender então porque disse “não posso terminar minha vida pública como se fosse um vilão”. Sem nenhuma acusação à sua integridade moral e livre da suspeita de perseguição a adversários, ele foi vilanizado exclusivamente pelas idéias que levou à prática e por outras que certamente realizaria se fosse presidente. Eram perigosas demais “às elites que preferem se aliar aos interesses de fora do país do que a seu próprio povo”.
A obsessão na desmoralização de Brizola comprova a truculência e a insensibilidade da grande mídia em relação às questões sociais e ao desenvolvimento do país. Truculência como meio de impedir o debate de alternativas econômicas e insensibilidade com o drama de sobrevivência dos excluídos. Era preciso abafar a voz e desvalorizar as iniciativas que levantavam esperanças de uma vida digna e avivavam o orgulho de ser brasileiro. Povo e patriotismo, palavras proibidas nos textos jornalísticos – são consideradas sinônimos de breguice e jequice.
Contra a mistificação incessante da História, agora sem ele, os trabalhistas autênticos precisam ser heróicos na defesa de sua memória. É um compromisso com as futuras gerações, privadas de ouvir dele mesmo a verdade sobre os acontecimentos de 64. “Podem dizer e fazer o que quiserem contra nós, mas gente de vergonha na cara nunca fica quieta quando é questionada”.
Um manifesto de coronéis apeara Jango do ministério do Trabalho, por haver dobrado o salário mínimo congelado nos cinco anos do governo Dutra. Coronéis zelam muito por contracheque folgado mas acham um escândalo o trabalhador levar um quilo a mais de feijão para casa. E o que coronéis têm a ver com o salário mínimo? Crime de insubordinação, quebra da sacrossanta disciplina.
Com a própria vida, Vargas consegue brecar o golpe, mas não o golpismo pregado diariamente pelos jornalões. Na Legalidade, na coragem e no gogó, Brizola nocauteia os golpistas mas fica marcado para sempre. Queriam que Brizola recepcionasse os generais na rampa do Palácio do Planalto? Tentou, como era de seu direito, contrapor-se de todas as formas ao radicalismo golpista. Na revanche dos vencedores, a grande imprensa tatuou-lhe a imagem com o estigma infame. Alvo permanente do radicalismo social contra os pobres, nele foi fulanizada por gerações a discriminação dos que acreditam no Brasil e confiam nos brasileiros.
Radicalismo é o encobrimento premeditado do apartheid simultaneamente à execração de quem luta contra as causas da desigualdade, a tática pérfida da mídia.
Rebeldia
imperdoável
O menino pobre do grotão gaúcho, órfão de pai, engraxate e carregador de malas, que aos 37 anos chega ao governo do estado bem que poderia ser o exemplo, cantado em prosa e verso, de mobilidade social. Era a prova viçosa de como é possível construir um destino glorioso sobre as agruras da penúria. Ele tinha, porém, a consciência de que milhares de outros garotos iguais a ele não contariam com a mesma sorte. O garoto solitário que diariamente se empoleirava no muro para espiar o recreio teve a sorte de ser acolhido pelo diretor do colégio, o pastor metodista Isidoro Pereira. O gesto de caridade desvenda um destino incomparável. Aos 29 anos, trabalhando e estudando em Porto Alegre, já é o deputado da escola para todos.
Logo percebe a necessidade de outras molas sociais indispensáveis a uma vida melhor aos deserdados, ciceroneado pelo pensamento de Alberto Pasqualini e encara as críticas como reação natural dos que nunca precisaram se preocupar com o futuro.
Assombra-se, no entanto, na morte de Getúlio, com a estranha identidade de linguagem dos grandes jornais e os grupos internacionais contrariados pelo presidente. Na crise de 64, a diabolização de Jango veste batina importada enquanto o fogo do golpismo incendeia os editoriais. No exílio, Brizola rumina a origem das aberrações que infestam o noticiário e tem o estalo clarividente: a grande mídia se engajou de corpo e alma na luta social. Não se trata apenas de má vontade em relação a um protagonismo político de desamortecimento das massas (sempre temidas) para com seus direitos de cidadania. É guerra, surda, ardilosa, fingida, mas é guerra.
Em 64, a grande mídia ingressou para não mais sair do campo da luta social, com prerrogativas autoconcedidas de policiamento do pensamento e de criminalização dos movimentos populares. Desde então, não recua dessa posição extremada, mirando no horizonte de consumação do apartheid social. É essa grande mídia, equipada com censura própria em substituição à dos militares e detentora do monopólio da palavra que, na volta do exílio, tenta perpetuar a tatuagem maldita de radicalismo.
Nunca, em nenhum momento, Brizola manifestou simpatia pelo comunismo. Era detestado, preconceituosamente, pela cúpula gaúcha do partidão. Nos debates acadêmicos, impressiona-se com o dogmatismo dos comunistas e a arrogância dos filhotes da elite. Conscientemente, ruma na trilha do trabalhismo, para ele o caminho mais realista para o desenvolvimento com justiça social. Em dificuldade para “fichar” Brizola, a grande mídia recorre aos pistoleiros de aluguel de grife. A habilidade em encontrar defeitos em Brizola torna-se quesito de ascensão nas editorias políticas. Famosos nomes do jornalismo devem sua carreira ao modo esperto com que camuflaram o direitismo nos ataques a Brizola. Malhavam Brizola inclusive sem citá-lo, em artigos que desancavam as “fantasias” nacionalistas. Brizola era a única liderança nacional assumidamente nacionalista.
Enrijecido pelas provações do exílio, Brizola retorna sabendo do combate desigual à sua espera. Graças às inovações tecnológicas, a grande imprensa havia se transformado em grande mídia, um complexo poderosíssimo de amestramento de vontades e desejos e de viabilização de negócios. E a grande mídia, habilitada de mil e uma maneiras, brutas ou sutis, a atingir seus desígnios, se preparara para executar o veto das elites ao sonho de Brizola. O exílio era temporário, a cassação perpétua. A capacidade de Brizola de sobreviver à sistemática execração pública é exemplo ímpar na história política.
A grande mídia por trás
da recepção hostil
Na sua volta, a oposição consentida ao regime autoritário, que excluíra Brizola do projeto original de anistia, refuga as suas concepções sobre um projeto de governo para o país. O colunismo político se encarrega de promover o antibrizolismo.
No acordo de Tancredo Neves com os militares, de passagem de poder, há um capítulo secreto, guardado a sete chaves pela grande mídia, a data das eleições diretas à presidência. Elas demoraram cinco anos para dar tempo de “trabalhar” a cabeça da classe média, em traição aos milhões de brasileiros que clamaram por “Diretas Já” nas ruas.
A perda da sigla PTB na Justiça Eleitoral nega-lhe o direito de usar o distintivo icônico do trabalhismo. “Não esperávamos, ao voltar do exílio, tanta gente de estilete contra nós”. Ganha o governo do Rio pulverizando uma conspiração eletrônica (Proconsult). Mal assume, o Corcovado treme com a reação à descoberta de uma arapuca milionária, o monta-desmonta anual das arquibancadas do Carnaval. Sem querer e sem saber, havia tocado num dos feudos de corrupção da elite carioca, dos tantos que depois viriam à tona.
Até a noite de inauguração, o Sambódromo esteve sob suspeita de desabamento no noticiário de O Globo. Os CIEPs foram criticados pelo custo e ignorados na sua função principal. Afora Paulo Freire, outro maldito, nenhum educador de renome pergunta em público quanto custa deixar as crianças ao desamparo. Os morros lata d’água na cabeça ganharam encanamento, reservatório, luz e creche, mas isso não era notícia. O critério de notícia é um dos estratagemas da grande mídia para expurgar as informações indesejáveis
Por onde passa, Brizola pisa em ninho de escorpiões. Há sempre uma ferroada dolorida de plantão, caso da apresentadora de TV mato-grossense, na campanha de 89. Ele não esperava a baixeza da pergunta se havia fugido do Brasil vestido de mulher. Responde com uma grosseria e no dia seguinte pede desculpas. A velhacaria da grande mídia não tem limite na hora de picar.
Brizola lança mão dos recursos do partido para publicar o que os jornalistas ouvem e os jornais censuram. No espaço comprado a preço de anúncio – o tijolão – denuncia os equívocos de sucessivos governos e os interesses por trás. Um jornal gaúcho excluído da publicação por medida de economia proíbe qualquer notícia sobre ele. Outro jornal gaúcho, em série de perfis dos candidatos a presidente em 94, distorce o diálogo de um encontro com Roberto Marinho e nem se refere às suas realizações.
A TV Globo banaliza a violência na programação de entretenimento e O Globo responsabiliza o governador pela expansão da criminalidade. O ovo da serpente da violência choca longe dos lugares batidos pela polícia. Brizola recorre a pesquisas internacionais sobre a influência da TV no comportamento social. A intelectualidade desperdiça a oportunidade de debater, sinal de que trocou a liberdade de pensamento por 15 minutos de fama.
Vale tudo. A TV Globo invade vergonhosamente seu espaço familiar para desonrá-lo como pai. A justiça concede a Brizola direito de resposta no Jornal Nacional. Na capa, O Globo exibe foto de uma boca de fumo tapada de cartazes de Brizola pouco antes de iniciar a campanha de 89. Ele protesta contra o jornal. Na noite do mesmo dia, apresentador paulista de TV, famoso por seu bordão, solidariza-se com seus colegas cariocas. No dia seguinte, fica provado que o cenário da foto não passava de uma armação da polícia.
Em 2001, conhecido rosto de TV de São Paulo vai a Brasília promover livro recém-lançado sobre a rebelião cívica da Legalidade que completava 40 anos. Em horário quente da TV Globo local, apresentado por outro afamado comunicador, voz que ecoa diariamente também nas rádios, ninguém menciona o líder do movimento. A quem viu e ouviu o programa, a Legalidade foi um fenômeno político misterioso, tipo fogo fátuo, acendido por uma mula sem cabeça. No apagamento vil dos feitos de Brizola não há limites na truculência para com o telespectador, ouvinte e leitor. Não só com ele. É a sina dos patriotas. Ao morrer, o centenário jornalista Barbosa Lima Sobrinho foi ligeiramente lembrado como democrata na Globo News, sem nenhuma referência à pregação nacionalista de toda sua vida.
No anátema ao nacionalismo, a grande mídia disfarça sua condenação visceral ao patriotismo, sentimento capaz de acender energias insuperáveis em um povo. Disfarça mas não tem como esconder o ofício de correia de transmissão de pensamento colonizado.
Cumplicidade da
grande mídia
na fratura social
Nunca antes disparadas de modo tão escancarado e aberto a quem quisesse ouvir e entender, as acusações de Brizola ricochetearam na muralha da desinformação da grande mídia. A academia, que legitima o jornalismo excludente, silenciou. A classe política comemorou furtivamente o “quixotismo” que privaria Brizola dos poucos espaços que lhe restavam.
Abismado com a indiferença geral ante uma questão essencial à democracia – só a informação plena gera cidadania – Brizola chegou a cair em devaneio. No programa Câmera 2 (TV Guaíba) imaginou um grande jornal rompendo com o pacto de controle de informação. (“talvez a Folha de São Paulo”). Não se conformava em falar apenas à sociedade favorecida pela desinformação e por isso nenhum pouco interessada em esmiuçar a caixa preta da grande mídia.
A fratura social que o trabalhismo nacionalista se empenhava em evitar, cavando canais de ascensão aos setores excluídos, já estava em franco andamento, rumo ao apartheid.
A serviço da exclusão, o obscurantismo da grande mídia inviabiliza a integração entre as várias sociedades e força espaço político “às reformas para trás, que buscam manter o retrocesso e a acumulação de riquezas, em vez de democratização”. Brizola não exagerou no libelo em que decifra a cumplicidade da grande mídia na trama de “transferência do patrimônio nacional a grupos privados”. Da aterradora conclusão – “no fundo o que querem é uma ata decretando o fim da existência da nação” – aprende-se que ela não tem como livrar-se da sinistra compulsão antipovo e antipátria. Os negócios patrocinados pela grande mídia exigem a dissolução dos testemunhos perenes da vontade nacional, que ela substitui por uma opinião pública fajuta.
“Observem os meios
de comunicação e no
que eles se transformaram”
Longe ou perto, contra Brizola a grande mídia recorreu, uma após outra, ao sortimento de maldades reservado a quem tenta organizar a vontade dos excluídos. Às vésperas de voltar, as manchetes lhe atribuíram provocações aos militares. Encurralado ao longo de 25 anos, aos poucos acabou isolado no tabuleiro político. Com lucidez e bravura, no entanto, arrancou de seus perseguidores uma vitória insuperável, que em dia bem próximo será plenamente reconhecida.
Às custas de seu sacrifício, a falta de ética da grande mídia foi flagrada publicamente. Não há corporação tão poderosa e desprovida de autoridade moral para ditar o certo ou o errado. Grupo de pressão inigualável de interesses políticos tenebrosos, subliminarmente ela se move no sentido da desintegração social. Cada grau de descoesionamento, o ponteiro da crise social, exibe as digitais da grande mídia como co-responsável.
Os números atestam que a força da grande mídia resulta da sua desimportância social, do seu descomprometimento com o Brasil plural, heterogêneo e desigual. Os 7 milhões de exemplares/dia dos grandes e médios jornais revelam o diminuto público a que atende e serve. A tiragem de Veja – mais de um milhão de exemplares semanais – dimensiona com precisão a faixa de empresários, executivos e profissionais, sócios do seleto clube dos formadores de opinião de direita.
Em poucas e contundentes frases, Brizola identificou o aparelho ideológico de dominação enrustido na parafernália onipresente e despótica. Entregou aos pesquisadores da comunicação social a tarefa de devassar os propósitos nefastos e as técnicas espúrias de racismo social.
A salvo de qualquer controle e com o poder de pulverizar questionamentos, o monopólio da informação interdita o debate para hierarquizar o pensamento de acordo com a estratificação social em castas. Simultaneamente, tenta impor um padrão colonizado de subjetividade íntimo de um modelo econômico subalterno. Moldado para gerar inferioridade abaixo da linha da classe média, o padrão estético da grande mídia opera em sintonia com a mentalidade subserviente em economia. Brizola ensinou a pensar grande o Brasil e a grande mídia condiciona a pensar pequeno. Sob o controle autoritário da informação, o brasileiro não conhece seu país e não reconhece a si mesmo, inconsciente de sua dignidade de cidadão.
O resultado trágico do seqüestro e corrupção da informação essencial estoura no inconsciente coletivo, com a quebra do interesse pelo conhecimento. Pesquisa nos bairros mais infestados de dengue em Recife, revelou grande número de moradores que sequer sabiam o nome da doença que haviam tido. Na dúvida, a legítima defesa instintiva contra a mentira arrasta consigo a rejeição da verdade. Intocável e infame, o sofisticado aparato de desinformação tritura à vontade os retalhos de consciência da nacionalidade, na premeditada produção de alheamento e dessensibilização do sentimento de pertencimento a um mesmo destino.
“Dente de jacaré,
couro de jacaré,
olhos de jacaré...”
Do pavilhão de rebeldes perigosos, Brizola foi transferido à galeria dos malditos incuráveis por seu estalo de clarividência. Ele percebeu que a grande mídia opera a fabricação de consentimento à venalização dos recursos físicos e a depreciação do patrimônio imaterial do Brasil, por meio do esvaziamento da consciência cívica dos brasileiros. No vazio, ela injeta o determinismo da submissão e da separação animosa dos brasileiros.
Brizola não lutou em vão contra a sinistra corporação que distorce a vontade, degrada consciências, perverte sentimentos e criminaliza desejos dos brasileiros. Deixou-nos a base de compreensão das engrenagens iníqüas da mentira e a granítica esperança de que o Brasil vai dar certo. Repetia sempre: “Antes de tudo, confiamos na lucidez do povo brasileiro”.
Nos bustos e estátuas que um dia imortalizarão a memória do homem público visionário da justiça social e da soberania nacional, as placas devem guardar espaço a uma homenagem posterior: “Patrono da luta pela democratização da informação no Brasil”.
Alvo diário de discriminação por ser o guardião fiel do legado libertador de Brizola, seu partido não pode esquecer, nos momentos difíceis, este conselho:
“Observem os meios de comunicação e no que eles se transformaram: o requinte da técnica, a máquina gigantesca que existe pelo mundo. Os centros de poder passaram a utilizar essas técnicas. Para mim, o chamado neoliberalismo nada mais é que o batismo, o verniz colorido com que encobriram o mesmo sistema de dominação e exploração dos povos. Eu chego a dizer: isto tem dente de jacaré, tem couro de jacaré, tem olho de jacaré, como não é jacaré? Como não é colonialismo?” (Palestra no Centro de Ensino Unificado de Brasília sobre A Inserção Soberana do Brasil no Mundo em Globalização, em 30/04/97)
Brizola vive!
1 – Jurandir Leite, presidente do Sindicato dos Telefônicos
2 – Declaração de Maílson de Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, segundo o jornalista Luís Nassif.