quinta-feira, 10 de junho de 2010

Seis anos da morte de Brizola: 21 de junho de 2010

Leonel Brizola morre no Rio
21 de junho de 2004 


Leonel Brizola Foto: Rogério Lorenzoni/Redação Terra Leonel Brizola faleceu aos 82 anos no Rio
Foto: Rogério Lorenzoni/Redação Terra

A política brasileira perdeu na noite desta segunda-feira uma de suas maiores figuras nos últimos 50 anos. O presidente nacional do PDT e ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul Leonel Brizola morreu, aos 82 anos, no Hospital São Lucas, em Copacabana, zona sul do Rio, vítima de uma infecção pulmonar. Ele foi internado à tarde e seria transferido para outro hospital quando se sentiu mal. Por volta das 18h, sofreu um ataque cardíaco, sendo levado para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI), onde morreu às 21h20. Médicos informaram que Brizola foi internado à tarde, com vômito e diarréia, e submetido a um ecocardiograma, uma tomografia pulmonar e, após se sentir mal, a exames cardíacos. Foi quando sofreu um infarto agudo do miocárdio. O presidente do PDT, segundo a família, vinha reclamando de uma gripe, que teria começado na quinta-feira passada, quando retornou de uma viagem ao Uruguai.
Luto e velório
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de três dias no país ao saber da morte. O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), anunciou que não será mais realizada amanhã a votação da medida provisória do salário mínimo. Em vez disso, ocorrerá sessão solene em homenagem ao presidente do PDT.
O velório será realizado nesta terça no Palácio da Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. Na quarta-feira, o corpo será velado no Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Na quinta-feira, Brizola será sepultado ao lado dos túmulos de sua mulher, Neusa Brizola, e do presidente João Goulart (1961-1964), na cidade de São Borja, no interior gaúcho.
Tão logo a notícia da morte de Brizola foi divulgada, políticos e personalidades começaram a chegar ao Hospital São Lucas. A governadora do Rio, Rosinha Matheus, chegou chorando ao hospital, acompanhada do secretário estadual de Segurança, Anthony Garotinho, ex-aliado de Brizola no PDT, mas que se tornou seu adversário político. Rosinha quer que o velório do ex-governador seja no Palácio Guanabara, sede do governo estadual.
Na China, onde está em viagem oficial, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, também ofereceu o Palácio Piratini, em Porto Alegre, para o velório do ex-governador.
No final da noite, uma pequena multidão, cantando o "Hino da Independência", acompanhou a saída do corpo de Brizola do hospital para o Instituto Médico Legal (IML).
Político polêmico e popular
Nascido em 22 de janeiro de 1922, em Carazinho (RS), Brizola foi durante cerca de 40 anos um dos políticos mais populares e polêmicos do país. Depois de entrar na política em 1945 no PTB do ex-presidente Getúlio Vargas, acabou eleito deputado federal em 1954 e prefeito de Porto Alegre (RS) no ano seguinte. Como governador do Rio Grande do Sul - eleito em 1958 -, comandou, em 1961, a "Campanha da Legalidade", garantindo a posse na Presidência do então vice-presidente João Goulart. O presidente Jânio Quadros havia renunciado em agosto, quando Goulart estava numa viagem à China. Militares tentaram impedir a posse do vice, mas acabaram recuando graças à reação popular capitaneada por Brizola.
Como governador do Rio Grande do Sul, Brizola teve um mandato polêmico, tendo encampado empresas multinacionais de energia elétrica e telefonia no Rio Grande do Sul. No governo de João Goulart, teve grande influência, lutando pelas chamadas "reformas de base".
Em 1964, Brizola teve os direitos políticos cassados e foi exilado com o golpe militar. Voltou ao Brasil em 1979 com a Anistia e retornou à política, mas perdeu o direito pela legenda do PTB para Ivete Vargas, sobrinha-neta de Getúlio. Fundou, então, com outros trabalhistas históricos, o PDT.
Em 1982, numa campanha surpreendente, foi eleito pela primeira vez governador do Rio de Janeiro. Fez um governo em que foi acusado pelos opositores de não combater o crime o que custou a eleição de seu vice, Darcy Ribeiro, para governador em 1986. Na eleição presidencial de 1989 - a primeira direta após a ditadura -, ficou em terceiro lugar, atrás de Fernando Collor e Lula, a quem acabou apoiando. Nesta época, uma frase sua ficou famosa. "Vamos fazer a direita engolir esse sapo barbudo", afirmou, numa referência ao candidato petista.
Em 1990, ele foi eleito para um segundo mandato no Rio de Janeiro, mas acabou deixando o governo desgastado e, graças ao aumento da violência, com a presença do Exército nas ruas. Acabou derrotado a partir de então em todas as eleições que disputou: presidente (1994), vice-presidente (1998, na chapa de Lula), prefeito do Rio (2000) e senador (2002). Recentemente tinha admitido a possibilidade de voltar a disputar a Presidência em 2006.
Redação Terra